quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Enoturismo no Brasil - Serra Gaúcha

Embora o Brasil ainda não seja lembrado como um país de vinhos (prevalecem o futebol, o carnaval, as mulatas e as praias...) o brasileiro está descobrindo que existem ótimos vinhos nacionais e excelentes vinícolas para serem visitadas.
O principal destino Enoturístico do Brasil, sem dúvida, é a cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. No município encontra-se o Vale dos Vinhedos, primeira região do Brasil a ter Indicação Geográfica para vinhos. No roteiro o visitante poderá conhecer desde vinícolas familiares até grandes empreendimentos.
Bento Gonçalves também abriga a maior vinícola do Brasil, a Cooperativa Vinícola Aurora, que está no centro da cidade e merece uma visita por sua história e por sua importância na região, são 1100 famílias cooperadas que juntas colhem em torno de 50 milhões de quilos de uvas por safra.
Amanhecer em Pinto Bandeira
Outro roteiro que precisa ser visitado em Bento Gonçalves, é o Vale das Antas. A centenária Salton está neste caminho e também a Cachaçaria e Pousada Bucco, um local bucólico, com uma vista fantástica para a ponte Ernesto Dorneles e o Rio das Antas e umas caipirinhas deliciosas preparadas pelo proprietário.
Além de Bento Gonçalves, as cidades vizinhas de Garibaldi, Caxias e Flores da Cunha e Pinto Bandeira (município recém emancipado) também tem ótimas opções de roteiros enoturísticos.
É importante destacar que os roteiros enoturísticos não são apenas para as pessoas que apreciam vinhos, mas também para aqueles que desejam conhecer e descobrir os encantos desta bebida milenar.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Vinho - Harmonização

A palavra harmonia tem origem grega e significa ajustamento, encaixe, proporção adequada. Logo, harmonizar o alimento com a bebida é encontrar o encaixe perfeito, a proporção adequada. Harmonizar significa conseguir um equilíbrio, onde nem o vinho, nem a comida se sobreponham. Não há uma única escolha para cada prato, mas uma dica válida é que os vinhos de determinada região casam bem com os pratos típicos daquela região. Seguem algumas dicas que vão ajudar a escolher o vinho (ou o prato) mais adequado:
1. Combine a intensidade de sabor do prato com a intensidade de sabor do vinho:
Deve-se considerar o método de cocção dos pratos. Pratos cozidos no vapor pedem vinhos mais leves, pratos assados um vinho mais robusto.
2. Pratos acídulos pedem vinhos de acidez elevada:
Tomates, limões, abacaxis, maças e vinagre agregam acidez aos pratos e devem ser acompanhados de vinhos também de acidez elevada. O limão e o vinagre podem ser mais difíceis de harmonizar.
3. Sobremesas pedem vinhos doces:
Quanto mais doce o prato mais doce o vinho. Os vinhos de Colheita Tardia e os espumantes Moscatéis são excelentes opções para acompanhar pratos doces.
4. Pratos gordurosos pedem vinhos com mais acidez e não casam bem com vinhos taninosos:
A acidez dos vinhos irá "cortar"a gordura do prato.
5. Carnes de caça ou carnes de sabor mais intenso pedem vinhos taninosos.
Castas como Cabernet Sauvignon e Syrah acompanham bem carnes assadas e bifes mal passados, o alto teor proteico das carnes neutraliza os taninos no palato.
6. Carnes brancas ou peixes pedem vinhos mais leves e delicados:
Em geral brancos são a melhor opção, embora tintos de corpo ligeiro e poucos taninos também podem ser bem sucedidos. Taninos não combinam com peixes gordos, o resultado pode ser um gosto metálico em boca.
Essas dicas auxiliam na definição do vinho que você vai acompanhar o prato ou do prato que você irá cozer para acompanhar o seu vinho, mas mais uma vez, destaco que o veredito final será dado pelo seu paladar: gostei ou não gostei.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Vinho do Bom

Lugar perfeito para degustar um vinho espumante -
Vinícola Aurora Pinto Bandeira
A ideia de que o vinho é uma bebida sofisticada, cheia de rituais para consumo, muitas vezes afasta possíveis apreciadores, por isso iniciativas que visam socializar o consumo e desmitificá-lo são muito bem vindas. O Enoturismo permite essa aproximação do consumidor com o produto, permite esclarecer dúvidas, tentar saber as diferenças entre as diferentes castas, ou simplesmente, permite ao consumidor dizer - gostei ou não gostei, e este é o veredito final, não importa se o vinho foi premiado, se os enólogos o consideram o melhor daquela safra, o que importa é o que o meu paladar me diz no momento mágico....o de lavar a taça a boca.... No Brasil, o consumo de vinhos, segundo dados do Ibravin - Instituto Brasileiro do Vinho, é inferior a 2 litros per capita/ano que vem reforçar a necessidade de mostrar ao brasileiro que vinho é uma bebida fácil e descomplicada. Quer conferir uma dessas iniciativas acesse o site www.vinhodobom.com.br

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O que é vinho?

Iniciamos nossas postagens falando em vinhos, em turismo, em enoturistas, mas afinal: o que é vinho?
Vinho é o produto resultante da fermentação alcoólica do mosto (suco+polpa+cascas e sementes) de uvas frescas e sãs. (Pacheco, 1999) Neste processo os açúcares presentes no suco da uva são transformados, pelas leveduras, em álcool e dióxido de carbono (liberado). Desde 1860, graças a Louis Pasteur, sabe-se que o vinho não é produto do acaso, nem uma dádiva dos deuses, mas que a fermentação é produzida por microrganismos. A fermentação alcoólica natural ocorre quando as cascas de uvas maduras se rompem, permitindo que as leveduras penetrem no fruto e desencadeiem o processo. Atualmente, a maioria das vinícolas trabalha com leveduras selecionadas que irão elaborar vinhos com características específicas. Cabe destacar que não existe outra bebida que se possa chamar de vinho senão esta, fruto da fermentação de uvas. Das outras frutas não é vinho e sim “Fermentado de “tal” fruta”.
Os vinhos podem ser classificados em:
Vinhos tranquilos: possuem de 8 a 15% de volume alcoólico, podem ser brancos, tintos ou rosados;
Vinhos fortificados: possuem de 15 a 22% de volume alcoólico, em geral recebem adição de álcool, podem ser doces ou secos;
Vinhos espumantes: após o vinho pronto, é induzida uma segunda fermentação, onde o gás dióxido de carbono fica retido no líquido, formando o perlage do espumante.
Fatores que influenciam o produto final:
- Região/local de cultivo da videira
- Características do solo/topografia/exposição solar
- Cultivar e porta-enxerto
- Safra/condições climáticas
- Condições de cultivo (espaçamento, condução...)
- Manejo agronômico do vinhedo
- Técnicas de vinificação
- Condições de estabilização e envelhecimento
Provar um vinho, vai muito além de simplesmente bebê-lo, se queremos explorar ao máximo o momento
da degustação, devemos tentar traduzir nossas sensações em palavras. Basicamente, ao analisarmos um vinho devemos observar o Aspecto: o vinho está límpido/turvo; a intensidade de cor é  pálida/média/profunda, é branco, rosé ou tinto.
Colheita de uvas Chardonnay
Após este primeiro contato visual, vamos levar a taça ao nosso nariz e tentar identificar quais os aromas presentes neste vinho (não fique preocupado se no primeiro teste sentir apenas cheiro de álcool). Os aromas variam de acordo com os tipos de uvas e o processo de maturação, podemos encontrar aromas frutados, florais, especiarias, madeira, couro, etc. Após o teste nasal, vamos levar o vinho a boca para identificar: a)seu nível de doçura (seco, meio-seco, suave); b)o nível de acidez (que nos faz salivar); c)os taninos (sensação de secura); d)o corpo (ligeiro como água ou espesso como um suco); e claro o sabor. Para então chegar a resposta determinante: gostei ou não gostei? ao final de tudo o que importa é se o vinho agradou ou não. É importante destacar que o vinho sempre deve ser harmonizado com o alimento.



domingo, 20 de janeiro de 2013

Caminhos de Pedra: um roteiro de história e cultura

Hoje, circulando pelo interior de Bento Gonçalves-RS, passei pelo roteiro Caminhos de Pedra, que leva este nome porque ao longo da estrada encontramos construções centenárias de pedra basáltica. - O basalto é um tipo de rocha magmática originária no interior da Terra, produto da solidificação do magma pastoso, é uma rocha muito resistente, e também uma das mais antigas. - Neste roteiro podemos visualizar como iniciou o trabalho dos primeiros imigrantes que chegaram à região. A estrada, hoje é secundária, mas até os anos de 1960, foi a principal ligação de Bento Gonçalves com Caxias do Sul e Porto Alegre, por isso existia em seu entorno vários tipos de comércio, que morreram com a inauguração das rodovias RS 453 e RS 470. O desvio do fluxo para as novas estradas fez com que a região empobrecesse muito e durante muitos anos os jovens abandonanvam a localizade por não vislumbrarem um futuro promissor. O projeto de revitalização das comunidades com restauração das construções e  resgate dos usos e costumes, com vistas à atividade turística, promoveu uma renovação das expectativas das pessoas. O turismo foi um meio de melhorar a qualidade de vida, devolvendo aos moradores destas comunidade o orgulho de ser do interior e principalmente, dando-lhe uma nova perspectiva financeira. 
No roteiro, algumas das construções são de madeira e outras de pedra, é possível visitar casas onde são produzidas peças em teares antigos - e adquirir os produtos -, também há a Casa do Biscoito e do Artesanato, onde um delicioso aroma de biscoitos impregna o ambiente e um banco a sombra de uma árvore nos convida a relaxar...Na Casa da Erva Mate pode-se ver como é preparada a erva para o chimarrão dos gaúchos e depois degustar a bebida, e para os apreciadores de vinhos, a Vinícola Salvati é um diferencial, o proprietário resgatou algumas variedades trazidas pelos imigrantes italianos, dentre elas a Peverella, a Barbera e a Goeth, a vinícola está instalada em um prédio octogonal, construído com pedras extraídas do próprio terreno e a vista da porta principal é um convite para sentar e apreciar o pôr-do-sol acompanhado de uma bela taça de vinho...e claro da boa conversa do Sr. Salvati que recebe pessoalmente os visitantes....ah...existem muitos outros empreendimentos que vale a pena conferir, dentre eles, almoçar no restaurante Nona Ludia, onde é possível provar as delícias da gastronomia local, acompanhadas de um bom vinho. Quer saber mais? Acesse www.caminhosdepedra.org.br 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Indicações Geográficas

Recentemente, conversando com um grupo de amigos, percebi que nós brasileiros desconhecemos as Indicações Geográficas Brasileiras, como afirma Pedreira (2008), “pouco é conhecido de fato sobre esta modalidade de proteção da Propriedade Intelectual, prevista de forma sucinta no direito brasileiro na Lei Federativa 9.279, de 14 de maio de 1996.” Pode-se, de acordo com a lei conceituar “Indicação Geográfica como a identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser vinculadas essencialmente a esta sua origem particular. Em suma, é uma garantia quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais.”(INPI).  De acordo com informações disponíveis na website do INPI, a lei  estabelece duas espécies de Indicações Geográficas:

Indicação de Procedência – IP - é caracterizada por ser o nome geográfico conhecido pela produção, extração ou fabricação de determinado produto, ou pela prestação de dado serviço, de forma a possibilitar a agregação de valor quando indicada a sua origem, independente de outras características.
Denominação de Origem – DO - cuida do nome geográfico “que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos” Em suma, a origem geográfica deve afetar o resultado final do produto ou a prestação do serviço, de forma identificável e mensurável, o que será objeto de prova quando formulado um pedido de registro enquadrado nesta espécie ante ao INPI, através de estudos técnicos e científicos, constituindo-se em uma prova mais complexa do que a exigida para as Indicações de Procedência.
Tanto as IPs quanto as DOs só podem ser solicitadas por associações e o uso das mesmas ficará restrito aos associados, lembrando que sempre será utilizado o “nome geográfico” oficial do lugar.
Selo da IP Pinto Bandeira
No Brasil temos as seguintes Indicações Geográficas já concedidas pelo INPI: Panelas de Goiabeiras; Carne do Pampa Gaúcho; Aguardente de Paraty; Doces tradicionais de confeitaria de Pelotas; Vinhos de Pinto Bandeira; Café do Cerrado Mineiro; Artesanato de Capim Dourado do Jalapão; Café da Serra da Mantiqueira - MG; Queijo Serro; Couro Acabado do Vale dos Sinos; Uvas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio do São Francisco; Vinhos Vale dos Vinhedos; Arroz do Litoral Norte Gaúcho; Camarão da
Costa Negra.
O que as Indicações Geográficas tem a ver com o turismo? Em geral, regiões que conquistam Indicações Geográficas passam a atrair milhares de visitantes que querem ver de perto o cultivo, o manejo, a elaboração do produto que ostenta um selo que o diferencia dos demais. Na Europa, os principais destinos enoturísticos são regiões que ostentam Indicações Geográficas, seguem algumas: Douro, Vinhos Verdes, Bairrada, Dão, Champagne, Cognac, Barolo, e tantas outras, só na França são mais de 400. Para os mais curiosos, no site www.asprovinho.com.br está disponível toda a regulamentação que rege a IP Pinto Bandeira.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Enoturismo


Queridos amigos, conforme minha última postagem, hoje falarei um pouco sobre Enoturismo, e para entender este fenômeno, precisamos entender o que é turismo? Esta parece uma pergunta óbvia, mas se buscarmos a literatura da área encontraremos inúmeras definições, basicamente pode-se definir turismo como “o deslocamento de pessoas de sua residência fixa para outro local, por um período superior a  24h com os mais diferentes propósitos". Esta atividade que parece tão simples, exige toda uma estrutura, por parte do destino - ou cidade receptora - começando por profissionais capacitados para o atendimento dos visitantes até a infraestrutura básica, de saneamento, energia elétrica, comunicação, etc. Dentre as segmentações do turismo, pode-se citar: turismo de eventos, turismo aventura, ecoturismo, enoturismo, turismo rural e muitos outros.
Vinhedo de Pinto Bandeira
 http://www.turismobento.com.br/pt/galeria-de-fotos/vinhos-de-pinto-bandeira/
Este blog, como sugere o nome, falará de turismo e vinhos ou enoturismo e por isso é importante definir esta segmentação turística. Para Hall (2004) o enoturismo está baseado na atividade industrial e no modo de vida cultural, tendo potencial para mudar uma região e sustentar esta mudança. Basicamente, o enoturismo é o segmento da atividade turística que se fundamenta na viagem motivada pela busca dos vinhos, seus aromas, seus sabores e, principalmente, pela busca das tradições e da tipicidade dos locais que elaboram esta bebida milenar. Em geral, o Enoturismo tem como base uma oferta gastronômica com tradição e fundamentação histórico cultural. Na Europa, a atividade de enoturismo iniciou em 1993, na Itália, com o movimento intitulado "Cantina Aberta", aqui no Brasil, desde 1967, ano de realização da Primeira Festa Nacional do Vinho - Fenavinho, em Bento Gonçalves, a atividade do enoturismo vem sendo desenvolvida. Duas vinícolas foram pioneiras, a extinta Dreher e a Cooperativa Vinícola Aurora, que segue recebendo visitantes até os dias atuais.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O encontro do vinho com o turismo

De acordo com Phillips (2003) a história do vinho remete a 5000 a.C.,  a Bíblia relata que Noé teria plantado uma videira após o Dilúvio (no Monte Ararat na Turquia – Capadócia agora é o destino da moda por conta da novela das 21h), seguindo a nossa história do vinho, encontramos ânforas (expostas no Museu do Louvre – Paris) e pinturas nas pirâmides egípcias, demostrando que esta civilização apreciava o néctar dos deuses.  Os Hebreus consumiam vinho como bebida sagrada, a uva e a videira são, respectivamente, o fruto e a planta mais citados na Bíblia e para completar o vinho passou a representar “o sangue de Cristo” nos rituais católicos; motivo pelo qual, durante toda a Idade Média, o cultivo de videiras e a elaboração de vinhos ficou restrita aos mosteiros e monastérios, aliás, foram os padres jesuítas que trouxeram as primeiras videiras para o Brasil (1532 – Martin Afonso de Souza).
Mas onde o vinho e o turismo se encontram? Há muito tempo, Gregos e Romanos cultuavam deuses da festa e do vinho, Dionísio e Bacco, respectivamente, e estas festas atraiam os súditos, logo motivavam o deslocamento de pessoas para esses eventos. A tradição de festejar atravessou séculos, e é mantida no norte da Itália, onde até os dias atuais encontramos festas voltadas ao vinho e a uva...e em nossa “Bento Gonçalves” também temos estes eventos que atraem milhares visitantes, que vem em busca de algo mais que uma taça de bom vinho. Falarei um pouco mais a respeito na próxima postagem...
Dica: vale conferir a programação do "Bento em Vindima" http://www.turismobento.com.br/pt/feiras-e-eventos/calendario-de-eventos-2011/4-bento-em-vindima/

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A sede de conhecimento

Os seres humanos parecem insaciáveis em sua sede de conhecimento, estão sempre buscando, estudando, lendo, navegando, viajando...tudo para ampliar seus conhecimentos, ampliar seus horizontes, buscar a evolução. Os deslocamentos dos indivíduos datam do período em que os homens habitavam cavernas, primeiro em busca de alimentos, depois na conquista de territórios, até os dias atuais em que as viagens têm as mais diversas motivações.
Este blog será um espaço para compartilhar conhecimentos e experiências acerca do turismo e suas múltiplas versões, especialmente o enoturismo, um segmento que vem crescendo e ganhando adeptos em todo o mundo.